Esta era a produtora que Fernando Pessoa planeava criar para produzir os seus filmes. Por isso, “O Ídolo” não poderia ser feito sem ela. O logótipo original desenhado pelo próprio Fernando Pessoa está em todos os materiais de promoção do filme e no genérico de entrada.

Os mais atentos perceberam a origem do nome desta personagem. Ela é inspirada em Ophelia Queiroz, a única namorada conhecida de Fernando Pessoa. Mas mais atrevida.

Blanche não é só uma personagem. Ela é uma homenagem a uma mulher real, uma cantora de jazz dos anos 20, a irmã mais velha do Cab Calloway e a primeira mulher a liderar uma orquestra de jazz composta apenas por homens.

O quadro pintado a óleo que vemos no escritório de Albert é a confirmação de que ele e Bernard são a mesma pessoa. Ou melhor, heterónimos. Afinal, porque teria Albert um quadro do seu secretário? Mas há outra evidência e essa esteve desde sempre escondida neste site: o nome do actor que interpreta Albert, ou seja, Mick Greer, está escrito a preto no elenco.

Só no fim do filme percebemos que o verdadeiro Ídolo viajou o tempo todo com Américo em classe económica. Mas esse plot twist é revelado logo no início. Quando vemos Américo a correr para o navio, ele traz consigo uma pequena mala castanha que é exactamente igual à mala que é entregue a Augusto no museu onde o Ídolo estava exposto. Coincidência? Nem por isso.

Quando Fernando Pessoa escreveu este argumento, algures nos anos 20, o cinema ainda era mudo. “The Jazz Singer”, de 1927, é a primeira longa-metragem sonora. Mas alguns dos seus argumentos, textos e ideias para cinema já contemplavam diálogos. Mais uma vez, Pessoa estava à frente do seu tempo.

O navio transatlântico onde os nossos personagens viajam também existiu. Foi construído para a Norddeutscher Lloyd e fazia a rota Nova Iorque - Southampton. Agora, foi reconstruído para “O Ídolo” em 3D pela Clan VFX de São Paulo, Brasil.

A história por trás do chalet onde Albert Soares vive está envolta em mistério e episódios que até hoje ninguém consegue explicar. Construído no final do século XIX, a única vez que serviu de palco para uma produção cinematrográfica foi em 1999, num filme de Roman Polanski e que tem Johnny Depp no papel principal (“The Ninth Gate”).

Cinema também é sobre fazer magia. Por isso, e apesar de “O Ídolo” ter cenas em Nova Iorque e se passar sobretudo em alto mar, as filmagens aconteceram todas entre o Navio-Hospital Gil Eannes, em Viana do Castelo; o Chalet Biester, em Sintra; o Hotel Avenida Palace, o Hotel Pestana Palace, a Rocha do Conde de Óbidos e o Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.