Prioridades e resultados do Parlamento Europeu 

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A experiência da pandemia e das recentes crises geopolítica e energética levaram o Parlamento a centrar-se na transição ecológica e digital da Europa, para construir uma economia resiliente e reforçar o controlo democrático e os direitos fundamentais.

Nas próximas páginas encontrará informações sobre o trabalho do Parlamento Europeu relativas às prioridades comuns, definidas juntamente com o Conselho e a Comissão, para as quais se comprometeram a apresentar resultados antes das próximas eleições europeias de 2024.

O Observatório Legislativo do Parlamento é a base de dados central e o instrumento de monitorização a utilizar para obter informações completas sobre todos os trabalhos parlamentares passados e em curso, quer legislativos, quer não legislativos. Disponibiliza uma ferramenta de pesquisa muito reativa para filtrar conteúdos.

Saiba mais sobre as prioridades políticas dos grupos políticos do Parlamento:

  • ©Mikel Martinez De Osaba/123RF/European Union – EP  

    O Parlamento declarou uma emergência climática em 2019 e lutou por reduções mais ambiciosas das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) para alcançar a neutralidade climática até 2050, em conformidade com o Acordo de Paris. A Lei Europeia do Clima (aprovada em 24 de junho de 2021) define como objetivos vinculativos da UE a consecução da neutralidade climática até 2050 e a redução das emissões de GEE em, pelo menos, 55% até 2030 (em comparação com os níveis de 1990). Proporciona aos cidadãos e às empresas europeus a segurança jurídica e a previsibilidade de que necessitam para planear a transição ecológica.

    Pelo menos 30 % do orçamento da UE apoiará os objetivos climáticos (e 8 % a biodiversidade), sendo uma parte significativa desembolsada coletivamente pela UE através do plano REPowerEU para poupar energia, produzir energia limpa e diversificar o aprovisionamento. Apoia também as famílias vulneráveis, as PME e as microempresas. Além disso, o Parlamento aprovou um Fundo Social para o Clima no valor de 86,7 mil milhões de euros para combater a pobreza energética e de mobilidade, bem como um Fundo para uma Transição Justa de 17,5 mil milhões de euros para as regiões que enfrentam o impacto social e económico da transição climática/verde.

    Alcançar a neutralidade climática até 2050

    Para além de reduzir as emissões de GEE das indústrias, dos transportes (aéreos, marítimos, automóveis de passageiros e comerciais, Euro 7, camiões e autocarros) e das famílias, o Parlamento incentivou a adoção de energias alternativas. Reforçou ainda mais as regras do Sistema de Comércio de Licenças de Emissão da UE (CELE), que consagra o princípio do «poluidor-pagador». Ao fixar um preço para as emissões de gases com efeito de estufa, o CELE irá conduzir as indústrias a investirem em tecnologias respeitadoras do clima. As regras de partilha de esforços, que definem metas de redução para os Estados-Membros em domínios não abrangidos pelo CELE, e objetivos mais ambiciosos no que respeita aos sumidouros de carbono para o uso do solo e das florestas protegem as florestas da UE, reforçam a biodiversidade e aumentam para 57 % o objetivo de redução dos GEE na UE para 2030.

    Os combustíveis para o aquecimento e o transporte rodoviário estarão incluídos no CELE até 2027/2028 e as licenças de emissão gratuitas para o setor da aviação serão progressivamente eliminadas até 2026. O Parlamento aprovou o objetivo de emissões nulas de CO2 para novos automóveis de passageiros e veículos comerciais ligeiros em 2035 e reforçou as regras aplicáveis a todo o ciclo de vida das baterias.

    Os eurodeputados também negociaram a implantação das energias renováveis e melhorar a eficiência energética, enquanto limitam as emissões de metano no setor da energia. Foram acordadas novas regras para reduzir o consumo de energia dos edifícios, para limitar ainda mais a pegada de carbono da UE e a dependência dos combustíveis fósseis russos.

    Evitar a fuga de carbono

    Um novo Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço vai aplicar o preço do carbono da UE ao cimento, ferro e aço, alumínio, adubos, eletricidade e hidrogénio importados. Os eurodeputados estabeleceram condições de concorrência equitativas para proteger as indústrias da UE e impedir que a produção fosse deslocalizada para o estrangeiro, bem como para incentivar o resto do mundo a intensificar os seus esforços climáticos.

    Diversos produtos que causam desflorestação já não podem ser comercializados na UE: gado bovino, cacau, café, óleo de palma, soja, madeira, borracha, carvão vegetal e produtos de papel impresso. Embora nenhum produto seja totalmente proibido, as empresas terão de apresentar provas que demonstrem que a sua produção não contribuiu para a desflorestação.

    Embora nenhum produto seja proibido, as empresas terão que provar que a sua produção não contribuiu para o desmatamento. Em geral, a comunicação de informações torna-se obrigatória para todas as grandes empresas da UE a partir de 2024. Cerca de 50 000 empresas terão de divulgar dados sobre o impacto das suas atividades nas pessoas, no planeta e sobre quaisquer riscos de sustentabilidade a que estão expostas.

    Por último, os eurodeputados adotaram regras de «dever de diligência» que exigem que as empresas e os seus parceiros previnam, ponham termo ou atenuem o seu impacto negativo nos direitos humanos e no ambiente, incluindo o fornecimento, a produção e a distribuição dos seus produtos.

    Menor poluição, maior biodiversidade

    A redução das emissões industriais e os novos requisitos para restaurar os ecossistemas danificados na UE, enquanto se garante a produção alimentar, foram aprovados no início de 2024. O Parlamento reforçou as regras sobre a qualidade do ar, adotou novos requisitos para a redução dos resíduos de embalagens e as emissões industriais na UE. Para a entrada em vigor dos requisitos obrigatórios para restaurar os ecossistemas danificados da UE, assegurando a produção alimentar, ainda é necessária a aprovação final dos Estados-Membros da UE.

    Enquanto isso, o Parlamento adotou sanções mais severas e uma lista alargada de crimes ambientais, de modo a proteger os ecossistemas mais eficazmente.

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  • © Adobe Stock / Photostocklight  

    O Parlamento é uma das primeiras instituições do mundo a solicitar a adoção de legislação sobre questões fundamentais, como a inteligência artificial (IA) e a regulamentação das plataformas online. Os eurodeputados querem que a Europa defenda as mais elevadas normas em matéria de serviços digitais, proteção de dados e cibersegurança, com base nos direitos e valores fundamentais da UE estabelecidos na Declaração Europeia sobre os Direitos e Princípios Digitais.

    Uma abordagem centrada no ser humano

    O Parlamento Europeu tomou posições sobre o estabelecimento de princípios éticos que norteiam a abordagem da UE à transformação digital, bem como sobre a garantia da plena conformidade com os direitos fundamentais, como a proteção de dados, o direito à privacidade, a não discriminação e a igualdade de género, e com princípios como a proteção dos consumidores, a neutralidade tecnológica e da Internet, a fiabilidade e a inclusividade. O reforço da proteção dos direitos dos utilizadores online, o investimento nas competências digitais, o apoio aos direitos dos trabalhadores, à saúde mental no espaço de trabalho digital e ao direito a desligar foram outras das ações do Parlamento nesta área. Ao mesmo tempo, os eurodeputados tentaram tornar as plataformas digitais menos viciantes e os mundos virtuais mais alinhados com os valores e princípios éticos da UE.
     

    Regras relativas aos serviços digitais

    A lei dos Serviços Digitais define normas claras para o modo como as empresas online operam e prestam serviços na UE, garantindo simultaneamente um elevado nível de proteção aos utilizadores. Segundo o princípio orientador de «o que é ilegal offline deve ser ilegal online», as plataformas online têm de tomar rapidamente medidas para remover conteúdos ilegais, combater a desinformação e reforçar os controlos dos comerciantes.

    A lei dos Mercados Digitais estabelece obrigações para as plataformas online de grande dimensão que atuam como «controladores de acesso» no mercado digital, a fim de assegurar o seu comportamento equitativo. As regras proporcionam aos inovadores e às empresas tecnológicas em fase de arranque (start-ups) novas oportunidades para competir e inovar num ambiente empresarial mais justo. Os consumidores terão mais e melhores serviços à escolha, sem perder o controlo sobre os seus dados.

    Inteligência artificial

    Em março de 2024, o Parlamento adotou a inovadora e pioneira lei para regulamentar a inteligência artificial. As regras estabelecem obrigações com base nos riscos potenciais e no nível de impacto da inteligência artificial. Certas utilizações estão totalmente proibidas, como a classificação social, a categorização biométrica de acordo com atributos ou características sensíveis e o reconhecimento de emoções no local de trabalho e na educação. Modelos poderosos referidos como «Inteligência artificial de finalidade geral» também terão de cumprir as regras.


    Estratégia Europeia para os Dados

    Os eurodeputados apoiam um quadro de governação de dados interoperável e à escala da UE e uma «sociedade de dados» centrada no ser humano, em que os cidadãos tenham pleno controlo dos seus próprios dados. O acesso a dados de alta qualidade é um fator essencial para a construção de sistemas de IA seguros e de elevado desempenho.

    Regulamento Dados veio complementar as regras estabelecidas na lei para a governação de dados, relativa à partilha de dados. Visa impulsionar a inovação, eliminando os obstáculos que impedem consumidores e as empresas de acederem aos dados.

    O Parlamento também concluiu a criação de uma carteira digital a nível europeu, que permitirá aos cidadãos identificarem-se e autenticarem-se em linha sem terem de recorrer a  fornecedores comerciais.

    Os eurodeputados concordaram com os Estados-Membros na criação de um Espaço Europeu de Dados de Saúde, para garantir que os cidadãos possam aceder de forma segura a receitas médicas, imagens e testes laboratoriais, mesmo além-fronteiras.


    Cibersegurança

    Em resposta às crescentes ameaças colocadas pela digitalização e ao aumento dos ciberataques, os eurodeputados atualizaram as regras para um elevado nível comum de cibersegurança em toda a União (SRI2), substituindo a primeira legislação em matéria de cibersegurança (SRI) à escala da UE. A SRI2 estabelece requisitos de cibersegurança mais rigorosos, alarga o número de «setores essenciais», simplifica a comunicação de informações e introduz uma aplicação mais rigorosa, incluindo sanções, em toda a UE.

    Os eurodeputados aprovaram também a criação de um centro e rede de competências em cibersegurança da UE e apelaram a normas mais rigorosas da UE em matéria de cibersegurança para dispositivos, aplicações e sistemas operativos conectados.

    Em março de 2024, o Parlamento finalizou a lei sobre a ciber-resiliência, que introduz exigências de cibersegurança para os dispositivos conectados, de modo a proteger os consumidores e as empresas de produtos digitais não seguros no mercado único.


    Lei dos chips e de matérias-primas críticas

    Os eurodeputados adotaram os planos finais para garantir o fornecimento da UE em matéria de semicondutores, promovendo a produção e a inovação na UE e estabelecendo medidas de emergência contra a escassez. O Parlamento votou igualmente uma lei que visa aumentar a disponibilidade de matérias-primas críticas para a indústria eletrónica da UE através da investigação sobre alternativas, mineração, reciclagem e diversificação do abastecimento proveniente de países terceiros.

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  • © AdobeStock_Graphicroyalty  

    A responsabilidade pelos sistemas de saúde é essencialmente uma competência dos Estados‑Membros. No entanto, a pandemia de COVID-19 demonstrou que a UE tem um papel importante a desempenhar na melhoria da saúde pública, na prevenção e gestão das doenças, na minimização das fontes de perigo para a saúde humana e na coordenação das estratégias de saúde entre Estados-Membros.

    O Parlamento Europeu aumentou o financiamento do Programa UE pela Saúde para o período de 2021-2027, de 1,7 mil milhões para 5,1 mil milhões euros, com o objetivo de melhorar a cooperação entre os Estados-Membros e lidar melhor com futuras pandemias e ameaças sanitárias.

    Em fevereiro de 2023, o Parlamento decidiu criar uma nova subcomissão permanente da Saúde Pública, sublinhando o estatuto prioritário do tema.

    Combater a pandemia

    Em junho de 2021, os eurodeputados e os Estados-Membros criaram rapidamente o Certificado Digital COVID da UE, de caráter temporário, para tornar mais fáceis e seguras as viagens e os transportes transfronteiriços dentro e fora da União. O Parlamento concordou em alargar o âmbito de aplicação e melhorar os recursos do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia para responder rapidamente a catástrofes de grande escala. O Parlamento insistiu igualmente no reforço do mandato da Agência Europeia de Medicamentos e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, a fim de reforçar a capacidade de prevenção, preparação e resposta da UE a futuras ameaças transfronteiriças graves para a saúde.

    Os eurodeputados analisaram outros ensinamentos retirados da gestão da pandemia de COVID-19 e das campanhas de vacinação e redigiram um roteiro com vista a melhorar a preparação da UE para futuras crises sanitárias, com base nas conclusões da comissão especial temporária COVI.

    Produtos farmacêuticos, saúde no trabalho, vencer o cancro

    O Parlamento insistiu numa mais robusta proteção da saúde dos cidadãos nos locais de trabalho e adotou novas regras para reduzir a exposição ao amianto. Num relatório de 2021, os eurodeputados também definiram formas de aumentar a autonomia farmacêutica da UE. A proposta de revisão da legislação farmacêutica da UE, apresentada pela Comissão na primavera de 2023, foi alterada pelo Parlamento e deverá ser concluída após as eleições europeias.

    A Comissão Especial do Parlamento sobre a Luta contra o Cancro fez recomendações para melhorar a cooperação para a prevenção e deteção precoce do cancro, bem como para aproveitar a investigação, a inovação e as novas tecnologias para a prevenção e o tratamento. Os eurodeputados também apelam à próxima Comissão Europeia para que elabore uma estratégia para a saúde mental a longo prazo.

    Tornar mais fácil a vida no estrangeiro para as pessoas com deficiência

    O Parlamento e o Conselho chegaram a acordo sobre o cartão europeu de deficiência e o cartão europeu de estacionamento para pessoas com deficiência. Quando viajam ou estudam temporariamente noutro país da UE, as pessoas com deficiência e as pessoas que as acompanham beneficiarão de igualdade de acesso a condições preferenciais, tais como entradas a preço reduzido ou gratuito, acesso prioritário e acesso a estacionamento reservado.


    Melhorar a segurança rodoviária

    Com cerca de 40 % das infrações transfronteiriças a ficarem impunes, os eurodeputados garantiram procedimentos de cooperação mais sólidos entre os países da UE, para ajudar a encontrar a pessoa responsável por uma infração às regras de trânsito. Para além do excesso de velocidade, da condução sob o efeito do álcool e do facto de não pararem num semáforo vermelho, os eurodeputados acrescentaram à lista de infrações: o estacionamento e a ultrapassagem perigosos, a transposição de linha contínua e a colisão e fuga. Estas práticas podem desencadear uma investigação transfronteiriça e resultar numa eventual multa.

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  • © UNHCR Roger Arnold  

    A Comissão Europeia propôs, em 2020, um novo Pacto sobre a Migração e Asilo para rever e racionalizar os procedimentos de asilo, as condições de acolhimento e as políticas de regresso dos migrantes em toda a UE. O acordo informal, incluindo a proposta de regulamento relativa à gestão do asilo e da migração, situações de crise e força maior, triagem e procedimentos de asilo foi aprovado no Parlamento em abril de 2024. Os legisladores encontraram um equilíbrio em que fronteiras da UE são efetivamente salvaguardadas, envidados esforços para combater a entrada clandestina de migrantes e o tráfico de seres humanos (adotada pelo Parlamento em abril de 2024), enquanto se garante o respeito pelos direitos humanos dos migrantes.

    Uma abordagem holística

    Os eurodeputados garantiram que a UE vai ter uma Agência para o Asilo independente e plenamente operacional até 2024, a fim de desenvolver normas operacionais, indicadores, orientações e boas práticas no domínio do asilo. A agência, com sede em Malta, presta assistência operacional aos Estados-Membros que dela necessitem, nomeadamente em situações de crise, bem como em matéria de recolocação e reinstalação.

    O Pacto sobre a Migração e Asilo também define novas regras para ajudar as pessoas vulneráveis a chegar ao território da UE de forma legal, organizada e segura. Este processo tem por base a reinstalação voluntária num Estado-Membro (novo Quadro de Reinstalação da União) e em melhores condições de acolhimento, a fim de permitir que os requerentes de asilo registados comecem a trabalhar após seis meses. Também tem por base as normas uniformes, em toda a UE, para o reconhecimento das pessoas que solicitem proteção internacional e o tipo de direitos concedidos àqueles que beneficiem dessa proteção (Regulamento Condições de Asilo).

    Migração laboral

    Os eurodeputados apelaram à criação de vias legais para a migração, em maio de 2021, com o objetivo de reduzir as passagens ilegais das fronteiras e para permitir a integração ordenada dos recém-chegados no mercado de trabalho. Numa primeira fase, o Parlamento votou novas regras para que os trabalhadores altamente qualificados se instalem mais facilmente na UE (Cartão Azul). Ainda neste campo, os eurodeputados contribuíram para melhorar a Diretiva Autorização Única, que define o procedimento administrativo a seguir pelos nacionais de países fora da UE que pretendam viver e integrar a mão-de-obra de um país da UE.

    Frontex sob controlo parlamentar

    O Grupo de Trabalho para o Escrutínio da Frontex foi criado na sequência de uma decisão de investigar alegações de reenvios forçados ilegais, tomada pelos coordenadores da Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos em 29 de janeiro de 2021. O grupo de deputados continua a acompanhar todos os aspetos do funcionamento da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) e a correta aplicação da legislação pertinente da UE, em especial a lei relativa à agência.

    No dia 13 de julho de 2023, o Parlamento Europeu adotou uma resolução em que pede uma participação mais proativa da UE nas operações de busca e salvamento realizadas pelos Estados-Membros, pela UE e pela Frontex no Mediterrâneo. Em dezembro, o plenário votou uma resolução sobre como pode a agência ajudar os Estados-Membros a controlar de forma mais eficaz as suas fronteiras externas e com pleno respeito pelos direitos fundamentais.

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  • Georgia 2023 ©AFP photo  

    O Parlamento instou a UE a melhorar a sua capacidade de tomar decisões rápidas e eficazes em matéria de política externa, em particular no âmbito da Política Externa e de Segurança Comum, a falar a uma só voz e a agir como um interveniente verdadeiramente mundial em resposta a crises internacionais. Apela igualmente à UE para que dê prioridade às alianças estratégicas, para um melhor posicionamento no novo contexto geopolítico de ameaça à segurança da UE. 

    Na resolução sobre a Política Comum de Segurança e Defesa - relatório anual de 2023, os eurodeputados afirmam que a guerra da Rússia na Ucrânia faz parte de uma estratégia mais vasta para minar a ordem internacional assente em regras, garantindo que a UE continuará a apoiar Kiev com os meios militares necessários para pôr termo ao conflito.

    Alargamento

    Em setembro de 2021, o Parlamento aprovou o Instrumento de Assistência de Pré-adesão IPA III, no valor de 14,2 mil milhões de euros, para apoiar sete países na adoção das reformas necessárias para cumprir as regras e os valores da UE. A invasão russa da Ucrânia desestabilizou significativamente os países dos Balcãs Ocidentais e da Parceria Oriental, o que compromete a segurança da UE, observam os eurodeputados na resolução sobre a Política Externa e de Segurança Comum, aprovada em fevereiro de 2024. Para resolver este problema, o relatório recomenda que a UE reforme a política de vizinhança e acelere o processo de alargamento.

    Em 2024, o Parlamento adotou um outro relatório em que apela a reformas institucionais e financeiras para assegurar a capacidade da UE para receber novos membros. Aprovou ainda o Mecanismo para a Ucrânia, um financiamento a longo prazo para ajudar na recuperação e modernização do país, suportando os seus esforços e facilitar a adesão à UE. Os eurodeputados também apoiaram o Mecanismo para as Reformas e o Crescimento nos Balcãs Ocidentais, de modo a fortalecer os parceiros da UE na região, ao facilitar amplas reformas socioeconómicas. Estas incluem o reforço do Estado de direito e dos direitos fundamentais.

    Tal como com os atuais países candidatos Albânia, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia e Turquia, os eurodeputados congratularam-se com a concessão do estatuto de candidato à Ucrânia, Moldávia e Bósnia-Herzegovina. Apelaram aos Estados-Membros a definir um calendário claro para o alargamento da UE, de modo a concluir as negociações de adesão com os países candidatos até ao final da década. Defenderam ainda a concessão do estatuto de candidato à Geórgia, desde que as prioridades especificadas no parecer da Comissão sobre a elegibilidade do país tenham sido atingidas. Os eurodeputados também saudaram o pedido de adesão da República do Kosovo à UE.

    Apoio à democracia e a atividades no domínio dos direitos humanos

    O Parlamento Europeu sempre demonstrou o seu empenho inabalável nos direitos humanos e na democracia em todo o mundo. Desde 1988, o Prémio Sakharov do Parlamento reconhece pessoas, grupos e organizações que tenham dado um contributo excecional para a defesa da liberdade de pensamento no mundo.

    Os acontecimentos dos últimos anos - a pandemia, a invasão da Ucrânia pela Rússia, o ataque do Hamas e a resposta israelita - colocaram sérios desafios às democracias em todo o mundo. A agressão russa visa não apenas a Ucrânia, mas também as democracias e os valores democráticos.

    O Parlamento condenou repetidamente o ataque terrorista do Hamas contra Israel, perpetrado a 7 de outubro de 2023, e reafirmou o direito de Israel à autodefesa dentro dos limites do direito internacional. Também notou a resposta desproporcionada de Israel, que resultou na morte e ferimento de dezenas de milhares de pessoas em Gaza desde o ataque. Em março de 2024, os eurodeputados pediram o cessar-fogo imediato e permanente para fazer face ao risco iminente de fome generalizada em Gaza e a libertação imediata e incondicional de todos os reféns. O texto refere que "não pode haver perspetivas de paz, segurança, estabilidade e prosperidade em Gaza, ou de reconciliação israelo‑palestiniana, enquanto o Hamas e outros grupos terroristas desempenharem qualquer papel na Faixa de Gaza". O Parlamento também condena a aceleração da criação de colonatos ilegais em território palestiniano, o que constitui uma violação do direito internacional.

    Durante anos, o Parlamento Europeu apoiou os parlamentos de países parceiros através de uma cultura de diálogo, como os Diálogos Jean Monnet, e do trabalho das delegações do Parlamento - grupos de eurodeputados que mantêm e aprofundam as relações com os parlamentos de países de fora da UE, bem como com outras regiões e organizações. Anualmente, o Parlamento Europeu envia também delegações de observação eleitoral de curta duração a países fora da UE, onde a experiência dos eurodeputados enquanto representantes eleitos enriquece a avaliação dos processos eleitorais locais.

    Desenvolvimento

    Em junho de 2021, os eurodeputados aprovaram o novo Fundo Europa Global (Instrumento de Vizinhança, de Cooperação para o Desenvolvimento e de Cooperação Internacional – IVCDCI), que assegura 79,5 mil milhões de euros de financiamento da cooperação externa para apoiar o desenvolvimento sustentável nos países vizinhos da UE, em África, na Ásia, nas Américas, no Pacífico e nas Caraíbas.

    Comércio internacional

    O Parlamento apoia parcerias comerciais abrangentes e o multilateralismo assente em regras. A reciprocidade nas relações comerciais é uma pedra angular da legislação recente para garantir uma concorrência leal no mercado único, como as novas regras para evitar o dumping através de subvenções estrangeiras e salvaguardas destinadas a proteger as empresas da UE da coerção económica exercida por países terceiros.

    Além disso, a tão aguardada proposta de probir efetivamente a venda de produtos fabricados com recurso a trabalho forçado, incluindo o trabalho infantil, no mercado da União, foi acordada com os Estados-Membros e aprovada em sessão plenária.


    Acordos de parceria

    A aprovação do Parlamento é obrigatória para que qualquer novo acordo de comércio e investimento da UE com países terceiros entre em vigor (por exemplo, o acordo de comércio e cooperação UE-Reino Unido). Em fevereiro de 2020, os eurodeputados aprovaram o acordo de comércio livre entre a UE e o Vietname, o primeiro a introduzir condições de sustentabilidade ambiental, social e democrática. O acordo de comércio livre com a Nova Zelândia, aprovado pelo Parlamento em novembro de 2023, é considerado o acordo comercial mais progressivo e sustentável de sempre da UE e assenta em valores comuns. A versão atualizada do acordo de associação UE-Chile, incluindo um acordo comercial, foi adotada pelos eurodeputados já em 2024.

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