Yulia Navalnaya: “Se querem derrotar Putin, combatam o seu gangue criminoso” 

Comunicado de imprensa 
 
 

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Yulia Navalnaya: “Putin é capaz de qualquer coisa, não se pode negociar com ele» © European Union, 2024 - EP  

No Parlamento Europeu, a viúva de Alexei Navalny acusou as autoridades russas, lideradas pelo presidente Vladimir Putin, de terem orquestrado a morte do ativista anticorrupção.

Ao receber Yulia Navalnaya no hemiciclo, a presidente do Parlamento Europeu disse que «para muitos na Rússia e no exterior, Alexei Navalny representou esperança. Esperança em dias melhores. Esperança numa Rússia livre». Roberta Metsola salientou que «se a história nos ensina alguma coisa, é que os pilares da autocracia, no final, sempre desmoronam sob o peso da sua própria corrupção e do desejo inerente das pessoas em viver livremente. Quando inevitavelmente o fizerem, será graças a Alexei e sua família».

Esta quarta-feira, em Estrasburgo, a viúva do ativista anticorrupção afirmou que o assassinato público do seu marido, a 16 de fevereiro, mais uma vez mostrou a todos que «Putin é capaz de qualquer coisa e que não se pode negociar com ele».

Yulia Navalnaya manifestou a sua preocupação pelo facto de nenhuma das atuais medidas restritivas da União Europeia ter efetivamente impedido a agressão da Rússia à Ucrânia. Por isso, pediu ideias mais inovadoras para derrotar o regime de Putin, tanto a nível interno como nas suas ações para com os países vizinhos.

«Se realmente queres derrotar Putin, tens de te tornar um inovador (...) Não podes magoar Putin com outra resolução ou outro conjunto de sanções que não seja diferente das anteriores (...) Não estás a lidar com um político, mas com um mafioso sangrento (...) O mais importante são as pessoas próximas a Putin, os seus amigos, associados e detentores do dinheiro da máfia (...) Tu, e todos nós, temos de lutar contra este gangue criminoso», declarou.

Yulia Navalnaya acrescentou que ser politicamente inovador significa, nesta situação, combater a criminalidade organizada, não a concorrência política. «Sem notas diplomáticas, mas investigações sobre as maquinações financeiras. Sem declarações de preocupação, mas uma busca de associados mafiosos nos vossos países, para os advogados e financistas discretos que estão a ajudar Putin e os seus amigos a esconder dinheiro», declarou.

Também sublinhou que «neste combate há aliados confiáveis — há dezenas de milhões de russos que estão contra Putin, contra a guerra, contra o mal que ele traz». «Putin tem de responder pelo que fez ao meu país. Putin tem de responder pelo que fez a um país vizinho e pacífico. Putin deve responder por tudo o que fez a Alexei", concluiu Yulia Navalnaya.

Após o seu discurso, os eurodeputados representantes dos grupos políticos do Parlamento também intervieram. Assista às suas intervenções.


Contexto

Antes de morrer na prisão, a 16 de fevereiro de 2024, Alexei Navalny era uma das vozes da oposição mais famosas da Rússia, conhecido pela denúncia da corrupção, bem como um ardente crítico do presidente Vladimir Putin. As circunstâncias exatas da sua morte continuam incertas. Alexei Navalny foi galardoado com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu em 2021.