Prémio Sakharov 2022: quem são os nomeados?

Descubra quem são o(a)s nomeado(a)s ao Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento do Parlamento Europeu em 2022.

Uma foto da filha de Navalny a proferir um discurso no hemiciclo do Parlamento Europeu, ao lado da foto do seu pai, que venceu o Prémio Sakharov em 2021.
Em 2021, a filha de Alexei Navalny, Daria Navalnaya, recebeu o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em nome do seu pai

O Parlamento Europeu atribui anualmente o Prémio Sakharov para homenagear pessoas e organizações que se destacam nos âmbitos dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. No ano passado, o prémio foi atribuído ao líder da oposição russa, Alexei Navalny, pela sua luta contra a corrupção e os abusos dos direitos humanos cometidos pelo Kremlin.

As nomeações para o Prémio Sakharov podem ser apresentadas pelos grupos políticos e por grupos de, pelo menos, 40 eurodeputados. As nomeações deste ano foram apresentadas durante uma reunião conjunta das comissões dos Assuntos Externos (AFET) e do Desenvolvimento (DEVE) e da Subcomissão dos Direitos do Homem (DROI) em Bruxelas, a 26 de setembro.

Os nomeados desta edição de 2022 do Prémio Sakharov são:

  • O corajoso povo ucraniano representado pelo Presidente Volodymyr Zelensky (nomeado pelo PPE)
  • O povo da Ucrânia (nomeado pelos grupos S&D e Renew Europe)
  • Sônia Guajajara (nomeada pelos Verdes/ALE)
  • O Presidente Zelensky (nomeado pelo ECR)
  • A Comissão da Verdade da Colômbia (nomeada pelo grupo A Esquerda/GUE-NGL)
  • Shireen Abu Akleh (nomeada por Grace O'Sullivan e mais 42 eurodeputados)
  • Julian Assange (nomeado por Sabrina Pignedoli e mais 40 eurodeputados)

 

O corajoso povo ucraniano representado pelo Presidente Volodymyr Zelensky (foi nomeado pelo PPE. A guerra de agressão não provocada da Rússia contra a Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, representa enormes custos para o povo ucraniano em termos de vidas perdidas e cidades e aldeias reduzidas a ruínas. Além de lutar para proteger as suas casas, a soberania, a independência e a integridade territorial, o povo ucraniano deve lutar ainda todos os dias pela liberdade, democracia, o Estado de direito e os valores europeus nos campos de batalha, como indica o texto de nomeação.

Os grupos S&D e Renew Europe nomearam o povo da Ucrânia, destacando o papel dos indivíduos, representantes de iniciativas da sociedade civil e de instituições públicas e estatais. A nomeação menciona, entre outros: os Serviços de Emergência do Estado (SES) da Ucrânia; Yulia Pajevska, fundadora da unidade médica de evacuação "Anjos de Taira" ("Angels of Taira”); Oleksandra Matviychuk, ativista dos direitos humanos; o Movimento de Resistência Civil da Fita Amarela (“The Yellow Ribbon Civil Resistance Movement”); e, Ivan Fedorov, o presidente da câmara da cidade de Melitopol, que atualmente se encontra ocupada pelas forças russas.

O ECR nomeou o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky como o rosto da coragem do povo ucraniano, salientando a sua bravura, resistência e a devoção ao seu povo e aos valores europeus.

Sônia Guajajara, nomeada pelos Verdes/ALE, é uma ativista ambiental e indígena do Brasil. Como líder de uma aliança de povos nativos, está a trabalhar na proteção dos direitos dos povos indígenas a controlarem as suas terras. O seu ativismo colocou-a em conflito com as autoridades do Estado brasileiro e poderosos grupos de interesse (lobbies) agrícolas e mineiros que tentam deter o controlo de territórios indígenas.

A Comissão da Verdade na Colômbia, nomeada pelo grupo A Esquerda/GUE-NGL, é uma instituição criada ao abrigo do acordo de paz de 2016 para acabar com a guerra civil colombiana nesse ano. Tem o objetivo de restabelecer os factos sobre as violações dos direitos humanos durante o conflito e defender os direitos dos seus milhões de vítimas. A nomeação - que aponta os nomes de Francisco de Roux, Alejandro Valencia Villa, Marta Ruiz Naranjo, Alfredo Molano Bravo (a título póstumo), Alejandro Castillejo, Saúl Alonso Franco, Lucía Victoria González, Patricia Tobón Yagarí, Alejandra Miller, Leyner Palacios, Ángela Salazar Murillo (a título póstumo), e Carlos Martin Beristain - presta homenagem às vítimas da guerra civil e é descrita como representando uma oportunidade para apoiar o processo de paz.

Shireen Abu Akleh, nomeada por Grace O'Sullivan e mais 42 eurodeputados, foi uma jornalista de nacionalidade norte-americana e palestiniana do canal de notícias Al Jazeera durante 25 anos. Foi uma das repórteres mais proeminentes do mundo árabe, e ficou conhecida pelas suas reportagens sobre o conflito em Israel e nos territórios palestinos ocupados. Foi morta a tiros a 11 de maio de 2022, enquanto cobria uma incursão das Forças de Defesa de Israel (IDF) no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia.

Julian Assange, um dos ativistas por trás da associação WikiLeaks, foi nomeado por Sabrina Pignedoli e mais 40 eurodeputados. Ficou conhecido por fornecer aos jornais líderes mundiais documentos sobre crimes de guerra, detenções arbitrárias, violações dos direitos humanos e tortura. Foi detido no Reino Unido e agora faz face à aprovação da sua extradição para os Estados Unidos para ser julgado por espionagem e uso indevido do computador.

Contexto

O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento tem sido atribuído a indivíduos e organizações que defendem os direitos humanos e as liberdades fundamentais, desde a sua criação em 1988. Esta distinção deve o seu nome ao físico e dissidente político soviético Andrei Sakharov e o(a) vencedor(a) recebe como prémio 50 000 euros.

Cronologia

  • 13 de outubro: as comissões parlamentares AFET e DEVE decidirão os três finalistas numa reunião conjunta
  • 19 de outubro: o(a) vencedor(a) é escolhido pela Presidente do Parlamento e pelos líderes dos grupos políticos
  • 14 de dezembro: tem lugar a cerimónia de entrega do Prémio Sakharov em Estrasburgo