Por Gessyca Rocha, G1


Estudo da ONU aponta que taxa de fecundidade no Brasil está abaixo da média mundial

Estudo da ONU aponta que taxa de fecundidade no Brasil está abaixo da média mundial

Um estudo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), agência de saúde sexual e reprodutiva das Organização da Nações Unidas (ONU), divulgado nesta quarta-feira (17), mostra que a taxa de fecundidade em 2018 é de 1,7 filho por mulher, isto é, está abaixo da média mundial, que é de 2,5.

O nível considerado ideal para manter o tamanho da população é de 2,1 filhos por mulher, e as taxas de fecundidade têm relação com condições de educação, renda e saúde.

Segundo a ONU, a maioria dos casais no mundo não consegue ter o número de filhos que deseja - ou porque não possui condições econômicas e sociais, ou porque não têm acesso à contracepção.

No Brasil, a redução no número de filhos por mulher aconteceu de forma progressiva nos últimos anos. Mas em geral, as desigualdades mais marcantes no país, em especial de educação e renda, impactam diretamente nas taxas de fecundidade, e elas estão separadas em dois extremos no relatório:

  • Mulheres com mais anos de estudo e com uma progressão maior na carreira profissional têm cada vez menos filhos, muitas vezes menos do que o número desejado.
  • Mulheres com menos escolaridade, rendimento e oportunidades acabam tendo filhos quando são jovens e, na maioria, nascidos de gravidezes não planejadas.

Taxa de fecundidade
comparativo das últimas décadas
Fonte: ONU

“Essa queda no número de filhos foi devido a transição demográfica, ou seja, a queda nos níveis da fecundidade no Brasil ocorreu de uma forma muito rápida, em 30 anos. Na Europa, na maioria dos países, levou aproximadamente 100 anos, então você veja que foi um declínio muito intenso e um declínio muito rápido”, explica Tais de Freitas, Coordenadora de Programa do Fundo de População da ONU/Brasil.

Recomendações

Para os países como o Brasil, que atingiram a baixa fecundidade em um período muito curto de tempo e ainda mantêm grandes desigualdades sociais e econômicas, o relatório apresenta algumas recomendações:

  • Implementar uma educação integral para a sexualidade que garanta que adolescentes e jovens tenham informação adequada para a idade.
  • Garantia de acesso a contraceptivos modernos em todo o território nacional, incluindo contracepção de emergência e de longo prazo, para mulheres e homens.
  • Acesso a qualidade dos serviços de saúde reprodutiva em geral e oferecer um acesso universal.
  • Implementar políticas de conciliação entre trabalho e família e de redução das desigualdades de gênero, pois a realização da maternidade não deve concorrer com uma vida produtiva no mercado de trabalho e a plena realização profissional.

Outros países

Em países do Sul da Europa e da Ásia, as quedas nas taxas de fecundidade têm sido tão acentuadas que estão abaixo do nível de reposição (de 2,1 filhos por mulher), ocasionando uma redução no tamanho absoluto da população com o passar dos anos. Entre os motivos destaca-se a dificuldade de equilíbrio entre a vida profissional e a dedicação à família.

No outro extremo, em alguns países da África Subsaariana, as mulheres seguem tendo mais filhos do que gostariam (em média, 5 filhos ao longo da vida), em especial pela falta de informação e de acesso a serviços de saúde e a métodos contraceptivos.

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